Brasil aposta na prevenção para frear AVCs e infartos com o programa HEARTS da OMS

Iniciativa da Organização Mundial da Saúde visa fortalecer a atenção primária, controlar a hipertensão e reduzir mortes evitáveis por doenças cardiovasculares

O Brasil está adotando uma nova e decisiva estratégia para enfrentar as principais causas de morte da população: o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC). Em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o país dá passos importantes na implementação do programa HEARTS, iniciativa internacional focada na prevenção, detecção precoce e tratamento eficaz de fatores de risco como hipertensão, diabetes, doenças renais crônicas, obesidade e sedentarismo.

Em 2024, o AVC foi a causa de 85.065 mortes, de acordo com o Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil. Já o infarto, de 77.477 óbitos.

A neurologista Sheila Martins, presidente da Rede Brasil AVC e responsável técnica pela implantação do HEARTS no Brasil, destaca a importância do programa para a saúde pública nacional.

Se conseguirmos implementar amplamente o programa HEARTS, teremos uma redução muito significativa no número de casos de AVC e infarto. Isso significa salvar vidas e evitar que milhares de pessoas fiquem com sequelas permanentes”, afirma.

De acordo com dados da OMS, a pressão arterial elevada é o principal fator de risco para infarto e AVC, mas menos de 20% dos pacientes hipertensos têm sua condição controlada de forma adequada. Isso revela a urgência de medidas mais eficazes no âmbito da atenção primária à saúde.

A versão atualizada do programa, chamada HEARTS 2.0, incorpora evidências científicas recentes e propõe um conjunto de 45 intervenções recomendadas, das quais 36 são inéditas. Essas intervenções incluem desde o uso obrigatório de aparelhos validados para medir a pressão arterial, evitando diagnósticos imprecisos, até a ampliação do uso de medicamentos modernos, como os inibidores de SGLT2, indicados para pacientes com diabetes, insuficiência renal ou insuficiência cardíaca.

Sheila destaca que essas medidas são, além de eficazes, altamente sustentáveis.

Tratar adequadamente a hipertensão não só previne AVCs e infartos, mas também evita que o paciente desenvolva insuficiência renal e precise de hemodiálise. É uma questão de saúde pública e também de sustentabilidade econômica. Cada dólar investido em prevenção pode trazer dez doláres de retorno para o sistema de saúde, ou seja, o retorno é a economia exatamente pela diminuição dos casos.”, reforça a médica.

 

Do mundo para o SUS

O HEARTS vem sendo adotado em 33 países das Américas e já alcança 37 milhões de pessoas, das quais 5,7 milhões recebem tratamento para hipertensão em mais de 7.200 unidades de saúde.

No Brasil, a expectativa é ampliar esse alcance por meio da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), aproveitando a capilaridade das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e das equipes de Saúde da Família. A proposta é integrar cuidados de forma contínua, com acompanhamento sistemático e ações educativas para estimular hábitos de vida saudáveis. A nova fase também prevê o uso de tecnologia, como telemedicina e aplicativos móveis, para monitorar a adesão ao tratamento e reduzir a perda de seguimento dos pacientes.

Outro ponto importante da atualização é o reforço do papel de enfermeiros e outros profissionais não médicos, que passam a ter maior autonomia para monitorar pacientes, ajustar medicações e atuar diretamente na linha de cuidado, sempre com base em protocolos seguros e definidos. A vacinação de pessoas hipertensas contra gripe e pneumonia também foi incluída como estratégia complementar de prevenção, diante da comprovação de que infecções respiratórias podem precipitar eventos cardiovasculares.

Com base em um processo rigoroso de avaliação científica e colaboração entre especialistas de todo o mundo, o HEARTS 2.0 estabelece um novo padrão de cuidado integrado, capaz de reduzir mortes evitáveis, internações hospitalares, incapacidades permanentes e os elevados custos associados às doenças crônicas. “Ao liderar esse movimento na América Latina, o Brasil reforça seu compromisso com a saúde pública, a equidade e a inovação em cuidados primários”, conclui a presidente da Rede Brasil AVC.

 

Sobre a Rede Brasil AVC 

Organização não governamental criada em 2008 com a finalidade de melhorar a assistência, educação e pesquisa sobre o AVC em todo o país. É formada por profissionais de diversas áreas que, unidos, lutam para diminuir o número de casos da doença, melhorar o atendimento pré-hospitalar e hospitalar ao paciente, melhorar a prevenção ao AVC e propiciar a reabilitação precoce e reintegração social. Mais informações pelo site: www.redebrasilavc.org.br.


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